VERA KRYNSKI
( Brasil – São Paulo )
Vera Krinski nasceu em São Paulo, em 19 de dezembro de 1943.
Desde cedo dedicou-se às artes plásticas, tendo sido aluna de Sanson Flexoar,
seu tio — introduator do abstracionismo na América do Sul — ed ded Walter Lewy, mestre surrealista.
Foi vice-presidente eleita da Associação Internacional de Artes Plásticas da UNESCO.
KRYNSKI, Vera. Na curva do azul. Desenho de capa e ilustrações de Sanson Flexor. São Paulo: Massao Ohno –
M. Lydia Pires e Albuquerque Editores, 1986. s.p ilus. sobrecapa. 15x22 cm. N. 04 901
NA CURVA DO AZUL
Você sabe o que é uma papoula?
É uma borboleta que virou flor...
Eis meu vôo
silencioso
solene
livre.
Meu pássaro ergue
no tempo
no vento
o traço da vida.
Meu peito
riscando espaços
cortando todos os laços
livre, infinito enfim.
Vidas sofrida — é vivida.
Meu tempo riu e chorou...
Que é da minha amada?
— O sempre impossível sonho —
Te espero na curva do azul...
TREZE NA CABEÇA!
Eu ia, tão doído,
nesta vida maltrapilho,
quando vi teu sorriso franco
beijando meu sonho lilás.
Foi, por certo, um grande choque,
um tranco no coração!
Quem diria que ainda um dia
uma borboleta viria no ar,
pousar macia em meu olhar.
TEMPO PRESENTE
Olha bem pra mim, pensa com calma
em todos os momentos, no teu amor,
na solidão de tua alma.
Relembra instantes nossos e deixa teu sorriso
abraçar o tempo assim, docemente livre.
E o presente será então feliz leve, por tudo isso.
É a juventude que volta a este tempo que vive.
Tomarei tuas mãos como antigamente,
e me acharás bonita e me quererás de novo.
Dá tempo a mim, a este meu amor insistente
e te farei renascer, enfim, um ser majestoso.
Não importa saber, embora doa,
que é dura a prova e ficarei sozinha.
É minha a escolha e a vida se ergue e voa,
seremos um só, nem que parte do caminho.
CUIDADO!
Machucada e dolorida
entrei na tua vida,
descrente do mundo, traída,
retalhada de tanto amor.
Sem procuras,
cheia de perdas
e um travo amargo de dor.
Braçadas de lembranças trago
e mil fantasmas ao redor.
Sonhei no teu mundo,
calei
sofri
chorei
falei.
Calei espaços,
sofri mundos.
Chorei amores,
falei dores.
Vi,
Senti.
E, de repente, percebi
nos teus olhos, a chama misteriosa.
O peito fez-se alerta, o cérebro registra:
“É campo minado, tome cuidado”...
MEA CULPA
Continuo tentando conter este vulcão que ruge,
esta vontade infernal de explodir o mundo.
Tenho,
Contenho.
Fecho.
Restrinjo.
Cabe fazer — é preciso,
Adio.
Não sou mais
mea culpa,
eu te isento.
NÓS
De repente, tuas asas
Sincronia,
dia,
malatia.
De repente, você
Cor de amor
lilás,
quizás...
De repente,
de repente, nós...
*
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Página publicada em maio de 2025..
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